domingo, 18 de dezembro de 2011

Lugar Algum

No canto da sala a mala,
a casa,
a vida.
Salada de informação.
Canção do novo mundo.
No canto da sala. Na mala.
Meu canto é meu pranto.
A sala na casa. A vida na mala.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Insight


No momento em que, a criação se tranmuta em luz do Sol invadindo minhas retinas fatigadas,

Meu corpo a concebe sob a vistoria da consciência.

Mas quando a inspiração se desenrrola do fiar silencioso e profundo da infinita escuridão da noite,

Minha carcaça material se move ao comando de meu espírito ignoto.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Devaneio Acrobático

“Qual é o som de uma que mão bate na outra?”

Na cultura zen chinesa é prática dos mestres fazerem perguntas que, a princípio, não teriam nenhuma lógica racional, mas que através da meditação e plena atenção às atividades diárias, intui-se a resposta sem nenhum esforço. Dentro da tradição oriental são chamadas de Koan. Assim que comecei a me interessar pela ética budista, me deparei com o koan à cima e tentei a todo custo encontrar a resposta. Depois de muito bater palmas e não descobrir o sentido da pergunta, larguei-a de lado e fui viver a vida. Bom, foi no instante que soltei a pergunta que a resposta veio até mim. Após observar um professor dar um tapa na mesa percebi que o som produzido não era da mão e muito menos da mesa, e sim dos dois juntos. Logo, o som de uma mão direita não existiria se não houvesse a mão esquerda recebendo. Para que o som exista é preciso das duas mãos.
Bom, nos últimos exercícios feitos no tecido, em relação ao espaço, comecei a perceber o mesmo. Não se pode existir “frente” se não existir “atrás”, “direito” sem “esquerdo”, “a cima” sem “abaixo”, creio que, na verdade este seja o princípio de todas as coisas. Tudo inter-existe. Heráclito já observava que todas as coisas derivam da interação dinâmica e cíclica dos opostos, vendo qualquer par de opostos como uma unidade. Sendo assim, trabalhar uma direção é, inevitavelmente, trabalhar a direção oposta.
Creio que, como artistas, se quebrarmos essa barreira conceitual e racional sobre o espaço, podemos estar voltados para qualquer direção que o público perceberá perfeitamente a intenção da posição corporal ou do movimento executado como a direção correta, pois em cada lado você tem a possibilidade infinita. Tem a oportunidade de ser livre. Basta estar desperto para aplicar a intenção correta.
A Física Quântica trabalha com o reino das probabilidades. Você só pisa no chão porque acredita no fato de que não vai passar dele. Já é uma realidade em sua mente antes mesmo de experimentá-la. Você pode cogitar “n” possibilidades de reações ao pisar no chão, mas somente uma delas acontecerá de fato. Quando esta possibilidade estabelecida por sua mente entra em contato com a experiência vivenciada chamamos de Colapso. Este colapso é um ponto importante para nós, artistas, pois devemos ser capazes de fazer com que o público experimente exatamente o que nossa mente programou. Para isso, não deve existir diferenciação do que é o artista e do que é a platéia. Sem distância. Ultrapassando o limite espacial. Assim como ‘frente’ e ‘trás’ são dois lados de uma mesma moeda, platéia e artista devem se tornar unos. Devemos nos preocupar em manter nosso centro gravitacional, o hara (região na barriga, próxima ao umbigo), totalmente desperto para que a energia acumulada se propague e para que possamos estar sensíveis a energia dos que assistem. E com esse nível de atenção mais apurado no momento presente você pode propor qualquer tipo de Colapso, pois, não havendo mais espaço, tudo funcionará como um grande organismo e não mais como entidades separadas.