domingo, 21 de fevereiro de 2010

Pausa para o Café



Na água quente
O calor que precisa.
No pó da semente
O odor que anestesia.
No mexer da colher
O conflito que tardia.
No fundo da xícara
A secura do dia.
No fim do café
A amargura da vida.
No nó da garganta
A sede infinita.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Panta Rei


Deixar ir embora para seguir em frente
No caminho da perfeição e do amor.
A flor, um dia se torna lixo.
O lixo, um dia se torna flor.

Aquele que Caiu


Na guerra,
deitado ao chão
já sem pernas,
descobre o soldado o seu dom de ir além
e, junto de si,
levar aqueles que se julgaram incapazes de sonhar.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O Menino e o Rio


Quando molhei meus pés no rio
Eu era apenas o menino,
E o rio era apenas o rio.

Quando a luz do Sol
Iluminou as águas,
Pude ver meus pés no fundo,
E deixei de ser menino
E o rio deixou de ser rio.

Quando a luz da lua
Tocou o não-rio
Pude ver algo mais profundo:
Eu era o rio,
E o rio era eu-menino.

Quando a luz da consciência
Tocou o rio,
Pude ver toda clareza do mundo.
Eu era e não era,
E o mesmo ocorria com o rio.

Éramos juntos, algo, além disto.