Com o tempo, nossa memória da infância vai se tornando
distante, algumas lembranças já não são mais as mesmas. E assim segue a vida. Pessoas
que amamos, e com quem compartilhávamos agradavelmente boa parte de nosso tempo,
e também lugares em que adorávamos ir, passar férias, desvendar, se tornam
distantes. Se distanciam não por estarem longe, mas porque mudamos. Nós e as
pessoas. Nós e os lugares. Mudamos. E nestas mudanças, a distância real surge
da possibilidade de nunca mais nos vermos, de não nos darmos um abraço, de não olharmos
mais aquele mar. E neste abismo criado na vida entre eu e o outro, entre eu e
aquela cidade que vive dentro de mim, está um vazio tão grande que, como num
instinto do meu coração, minha consciência repousa na efemeridade das coisas e meu
corpo se coloca em cada espaço vazio, longo e silente, abrindo-se em comunhão
com o novo. E assim, surge uma nova intimidade, novos sonhos e novos caminhos.
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